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Maria Mabel Magalhães de Medeiros Rodrigues

 

 

 

 

 

 

 

* 01/02/1930            + 15/09/2018

Vínculo com a USP: 26/08/1961 a 15/06/1992

 

Maria Mabel Magalhães de Medeiros Rodrigues

(Por Maria Teresa do Prado Gambardella)

Maria Mabel Magalhães de Medeiros nasceu em 01/02/1930 em Recife. Mabel cresceu uma mulher independente, uma mulher que queria ter seu trabalho, seu emprego e que tomava suas próprias decisões, seguindo o exemplo de sua mãe.

Por conta do emprego do seu pai, quando criança chegou a morar em algumas cidades do estado de São Paulo.

Com 10 anos, após o nascimento de sua irmã Isabel, foi encaminhada para um colégio interno, em São Paulo, o que era muito usual naquela época, para que fosse educada de uma forma mais esmerada. Lá viveu alguns anos, sendo posteriormente transferida para um outro colégio, no Rio de Janeiro, onde permaneceu até os 17 ou 18 anos. Nessa ocasião, a família já estava radicada no Rio e Mabel já tinha mais uma irmã a Vera, 3 anos mais nova que a Isabel.

No momento de decisão pela carreira a ser seguida, teve a influência positiva de um tio materno que era químico. Prestou vestibular e foi aprovada na antiga Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, hoje em dia Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao longo do curso conviveu com, entre outros, Sérgio Mascarenhas, Yvonne Mascarenhas e Edson Rodrigues, com quem acabou namorando e casando em 1954.

Em 1955, acompanhou Edson em seu doutorado em Berkeley, na Universidade da Califórnia. Ela uma jovem, química, grávida de sua filha Aline, dedicou-se a fazer cursos de inglês e algumas outras atividades, mas principalmente conheceu a Multinacional Avon, uma empresa inovadora para a sua época, pois oferecia seus produtos através de catálogos e para a qual trabalhou como vendedora. De volta ao Brasil, Edson foi trabalhar na PUC-Rio e Mabel acabou entrando em contato com a Avon do Brasil e se tornou uma supervisora dentro da empresa.

Em 1960, Sergio e Yvonne Mascarenhas, já estavam em São Carlos trabalhando na implantação da Escola de Engenharia de São Carlos e convidaram Edson Rodrigues para vir auxiliar a implantação do Curso de Engenharia. Mabel percebendo que teria que abandonar sua atividade na Avon, manifestou interesse de também se vincular a Universidade e assim foi feito. Vieram os dois, muitos entusiasmados, ela para a área de Química e ele para a área da Física.

Chegando a São Carlos, começou a trabalhar com as disciplinas de Química afetas ao Curso de Engenharia, principalmente Química Geral e Laboratório de Química. Essas disciplinas, sobretudo as disciplinas de laboratório ou as que exigiam atividades de laboratório, faziam com que ela mantivesse um contato muito estreito com os seus alunos, o que ela adorava. Foi neste período que começou a trabalhar na área da Cristalografia junto com Yvonne Mascarenhas. Em 1967, já estabelecidos e com mais uma filha a Teresa, Mabel e Edson foram para a Universidade de Pittsburgh, no Estados Unidos, onde permaneceram por um ano. Como resultado de seu trabalho no Laboratório de Cristalografia de raios X, com os professores George A Jeffrey e Bryan Craven, Mabel Rodrigues defendeu em 1968 a primeira tese de doutorado na área da Química, na EESC, intitulada “Determinação da Estrutura Tridimensional do Veronal II”. Em 1973, realizou um pós-doutorado de um ano na mesma universidade. Realizou um segundo pós-doutorado em 1984, em Lyon, na França, onde teve acesso às culturas francesa e europeia, de certa maneira já conhecidas por conta dos colégios internos em que estudou.

Uma coisa que sempre se destacava na Mabel é que embora gostasse imensamente da Cristalografia, das chapas de raios-x, das caixas e mais caixas de cartões picados do programa Fortran, ela tinha uma paixão muito grande pela docência.

Ao longo de todos esses anos ela acabou se envolvendo imensamente na atividade docente, tanto é que quando foi criado o Curso de Química na Universidade de São Paulo, em São Carlos, assumiu a função de assessora didática que levava com extrema seriedade e dedicação, no sentido de acompanhar os alunos, seus desempenhos acadêmicos e suas dificuldades, tanto nos aspectos escolares como também nos pessoais.

Ela gostava de ter longas conversas com seus alunos, tinha um interesse muito grande a respeito da vida deles, quem eles eram, de onde eles vinham, se eles gostavam do que estavam fazendo, quais eram as dificuldades que eles enfrentavam, como ela poderia como professora aconselhar e auxiliar e ela fazia isso com o coração muito aberto, não somente na escola como também recebendo os estudantes na sua casa.

Administrativamente nunca ocupou uma função de destaque dentro da Universidade de São Paulo, todavia tinha um papel fundamental: era uma articuladora, alguém que sabia ouvir e sobretudo alguém que sabia lutar pelas suas ideias, pelos seus ideais fosse com quem fosse. Participou, também, do curso de pós-graduação em Química e teve seus orientandos.

Em 1979 defendeu sua livre-docência, também na área de Cristalografia. Embora tivesse abdicado de uma atividade que gostava muito no Rio de Janeiro ao vir pra São Carlos, mergulhou na Universidade de São Paulo, que realmente se tornou a sua casa; tinha um vínculo extremamente grande não apenas com a Instituição, mas sobretudo com as pessoas com as quais ela trabalhava, sempre totalmente envolvida, até considerar que era necessário se aposentar.

Como uma pessoa extremamente ativa, com uma vontade muito grande de ajudar os outros, após a aposentadoria, acabou trabalhando com ações de ensino e em assessorias a escolas de diferentes locais do país. Como exemplo, trabalhou por muitos anos numa escola particular da cidade de São Carlos, introduzindo a internet no ambiente escolar e fazendo vários projetos inovadores para a época. Em seus últimos meses de vida, acabou auxiliando, por exemplo, duas cuidadoras nas atividades referentes aos cursos que estavam fazendo.

Enfim, Mabel foi uma pessoa que ajudou muito os netos e as filhas, trabalhando com eles nas questões escolares. E, ao mesmo tempo em que foi uma pesquisadora na área da Cristalografia, foi uma excelente docente na perspectiva de estar sempre próxima dos seus alunos, grande diferencial na sua carreira.

 

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